MATRIMONIO INDISSOLÚVEL

É impossível discorrermos sobre o assunto sem antes lermos e entendermos o propósito de Deus para o casamento. Deus sendo o autor da instituição, também proveu todo amparo legal, para o cumprimento do seu propósito na relação estável de um homem e uma mulher!

Genesis 2:18-24 
18  “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei umaajudadora idônea para ele.
19  Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.
20  E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
21  Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar;
22  E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão.
23  E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.
24  Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.

Ø  A criação de Eva (vs. 18) indica a relação única entre marido e mulher, principalmente porque a expressão “far-lhe-ei UMA” e não duas ou três ajudadoras conforme a *Septuagintanos afirma que, desde o principio, Deus planejava uma relação monogâmica, o que pode ser corroborado e ilustrado com a relação paralela entre Cristo e a Igreja (Noivo e a Noiva), conforme Efésios 5:22-33.

Ø  A monogamia está implícita na historia de Adão e Eva e, somente com o vs.18, teríamos argumentos suficientes para refutar qualquer doutrina a favor da poligamia, contudo, por conseqüência do pecado, o homem logo se desviou do propósito original, conforme Genesis 4:19 – Primeiro caso de poligamia na Bíblia.

Ø  Parece que no decorrer da história, Deus permitiu que o homem descobrisse sozinho que a sua formação original era para ser monogâmico, pois a Bíblia está recheada de exemplos de casos poligâmicos, os quais trouxeram muitas tribulações, invejas, ciúmes, contendas, facções; a exemplos de: Abraão (Genesis 21); Gideão (Juízes 8:29-33; 9:57); Davi (2 Samuel 11:13) e Salomão (1 Reis 11:1-8).

Ø  Em vistas aos problemas gerados pela poligamia, os Hebreus foram advertidos por Deus em Deuteronômio 17:17; Leviticos 18:18 – pois a poligamia sempre causava danos às famílias e, por via de regra, sempre uma mulher era mais amada do que a outra. Havia sempre a deferência de uma em detrimento a outra, a exemplos: Eucana (1 Samuel 1:6); Jacó (Genesis 29:30).

* Septuaginta é o nome da versão da Bíblia hebraica para o grego koiné, traduzida em etapas entre o terceiro e o primeiro século a.C. em Alexandria.
NOIVADO E CASAMENTO ENTRE O POVO JUDEU

Hebraico:    Noivado       = “erusin
                   Casamento  = “qiddushin

Uma jovem judia (desposada) comprometida em um noivado para casamento era comum ser chamada por antecipação as núpcias de “Esposa”, devido à palavra empenhada, numa aliança pré-estabelecida entre os noivos, que também se estendia as famílias de ambos, a qual jamais poderia ser rompida, segundo as tradições judaicas; José e Maria (Mateus 1:18-25). 
O compromisso de noivado era equivalente a um pré-contrato, cujo teor estabelecia regras inerentes às tradições, contemplando sempre os elementos básicos até o dia do casamento. Neste período pré-acordado, os noivos se ausentavam um do outro para os preparativos comuns: enxoval, dotes, moradia, cerimônia, etc., e sobre tudo, deveriam manter-se puros (virgens) para a noite de núpcias; Jacóe Lia (Genesis 29:21).

Usualmente os pais do noivo escolhiam a noiva e, as vezes o próprio noivo escolhia, sempre com o consentimento dos pais, os quais fazia a intermediação junto à família da noiva (Genesis 21:21; 26:34, 35; 34:4-9).

No dia da cerimônia, em meio a muitas comidas e bebidas, os noivos assinavam um “Contrato” com cláusulas pré-estabelecidas por regimento da Lei Judaica, cujo teor principal elucidava a virgindade de ambos (pureza), prometida para aquele dia (noite). Não obstante os convidados fossem muitos, os noivos elegiam apenas dois homens, judeus, com mais de trinta anos para assinarem como testemunhas o referido “Contrato”, documento este que, daria legitimidade à relação conjugal do casal.

Ø  Pacto mutuo:        Erusin
Ø  Votos públicos:     Contrato diante das testemunhas + convidados
Ø  União de corpos:   Deuteronômio 22:15
  
No mundo ocidental também consideramos os três elementos acima, os quais implicitamente eram contemplados na estrutura de uma união estável entre um casal judeu, contudo, devemos considerar sempre que, o Pacto mutuo exerce o pilar de sustentação para o denominado contratoe união de corpos, formando os três, uma estrutura rígida e indissolúvel, pois, foi assim desde o princípio da criação. Deus é Deus de alianças, de pactos, de votos e, jamais voltou ou voltará atrás com sua palavra, assim, Ele espera que vivamos (Deuteronômio 27:10).

DIVÓRCIO NO VELHO TESTAMENTO

Deuteronômio 22:13-30; 24:1-4
Fatores importantes deverão ser ponderados antes de discutirmos sobre o significado do Divórciono Velho Testamento:

Ø  Moisés não “criou” a Lei sobre Divórcio, ele simplesmente “permitiu” à “Carta de Divórcio”, para que a mesma livrasse a moça de morrer apedrejada, caso fosse encontrada impura na noite de núpcias (Deuteronômio 22:20,21).

Ø  Deus odeia o Divórcio ou Repúdio, conforme Malaquias 2:14-16

Duas situações em que o Divórcio era proibido no Velho Testamento:

1)    Quando o homem acusasse falsamente a mulher de infidelidade pré-marital (período do Erusin) conforme: (Deuteronômio 22:13-19).
2)    Quando uma jovem (não desposada) era estuprada e o pai obrigasse o estuprador a casar-se com ela: (Deuteronômio 22:28,29).

Duas situações em que o Divórcio foi excepcionalmente exigido:

1)    Foi quando alguns exilados retornaram a Judá, casados com mulheres pagãs: (Esdras 10:2-4; Neemias 13:23-31).
2)    Alguns homens judeus rejeitaram suas mulheres para casarem com outras pagãs: (Malaquias 2:10-16).
  
DIVÓRCIO NO NOVO TESTAMENTO

Mateus 5:31,32; 19:3-12; Marcos 10:2-12
Jesus reputa o divórcio e um segundo casamento como sendo adultério; não diz que o homem não possa separar-se, mas, também não diz que o homem possa casar-se novamente.

Importante salientar que, o evangelho de Mateus foi escrito ao povo judeu, povo este que conheciam a Lei Mosaica e seus estatutos, e por esta razão, somente Mateus faz questão de destacar a denominada “cláusula de exceção”, a qual não é contemplada nos demais evangelhos e cartas apostólicas.

Em ambas as passagens de (Mateus 5:32 e 19:9), a fornicação (Gr. *Porneía), é apresentada como único motivo justo e claro para um homem (desposado/comprometido em noivado) repudiar sua mulher e dar-lhe “carta de divórcio”. Esta era a única exceçãopermitida pela Lei Mosaica em que um homem poderia “repudiar” sua mulher, caso ela não fosse achada virgem na noite de núpcias, a qual fora prometida no “Erusin”.

A “carta de divórcio” tinha estrutura única (texto em hebraico) pré-definida nos termos da Lei Judaica e, a mulher repudiada, com este documento em mãos, tinha amparo legal para não morrer apedrejada, pois não foi encontrada virgem na noite de núpcias conforme havia prometida (Deuteronômio 22:20,21).

O repúdio deveria ser de imediato, ou seja, no dia seguinte o rapaz despedia a moça, dava-lhe a “carta de divórcio” e, conseqüentemente, anulava-se o contrato assinado no dia anterior, e ainda, poderia rever os dotes ofertados aos pais no ato da cerimônia, tão logo fosse provado (lençol/roupa de cama) que, não mais fora encontrado virgindade na moça.

Reputa-se que Moisés permitiu a “carta de divórcio” com intuito de preservar a vida da moça, para que, ao ser encontrada impura, não morresse apedrejada.

Ø  Destacamos duas palavras distintas nos seus significados que, comumente são confundidas ao interpretarmos as escrituras:

1)    ADULTÉRIO = (Gr. Moixeía) – Designa-se pela prática de relação sexual fora do casamento (extra-conjugal).
2)    FORNICAÇÃO = (Gr. Porneía) - termo técnico que designava um matrimónio inválido.Na época de Cristo, com a multiplicidade de leis da judéia, não era raro que um matrimônio fosse invalidado por impedimento jurídico. Surgia então o problema sobre se deviam ou não separar o casal que estavam em zonah (casamento inválido, ou seja, um deles ou ambos não fossem "puros" virgem). 
  
PORQUE TANTOS RECASAMENTOS NOS DIAS DE HOJE?

Isto normalmente acontece por que alguns grupos de pessoas pecaminosas querem acomodar suas cobiças e intenções malignas. Não era diferente nos dias de Jesus, pois, se observarmos os textos de: (Mateus 19:3 ; Marcos 10:2), constatamos que, os Fariseus vieram a Jesus para (experimentá-lo, prová-lo, testá-lo ou acusá-lo nalguma falta), tentando encontrar quem os apoiassem nos seus delitos, pois, por motivos fúteis, repudiavam suas mulheres e casavam-se com outra. 

O casamento é uma Instituição Divina (Genesis 2:18-25), e, o modelo é Cristo e a Igreja (Efésios 5:22-32). Os Fariseus não estavam interessados no Plano Divino para o casamento ÚNICO e INDISSOLÚVEL, mas, na “Exceção”. Não difere das pessoas de hoje, buscando na Bíblia, textos fora de contexto que aprovem seus pecados, pois, tanto quanto os Fariseus, não estão interessados no Plano de Deus, mas, em alguém ou uma “igreja” que os apóiem viver em adultério.

Ø  (Lc 16:18; Rm 7:2,3; I Co 7:39) – Não menciona exceção, mas, enfatiza o adultério praticado no recasamento.
Ø  (Mc 10:2-12) – A ênfase está em: “O que Deus ajuntou, não separe o homem”.

O recasamento fecha a porta para o PERDÃO das ofensas ou desilusões sofridas durante o casamento e, ignora o ensino e a obra de Jesus na cruz (Mateus 6:14,15; Colossenses 3:13; 2 Coríntios 2:10,11). Consentir com o recasamento da denominada “PARTE INOCENTE”, é fechar-lhe a porta para liberar perdão e ser perdoado.

ALGUNS EQUÍVOCOS DAQUELES QUE QUEREM PERMANECER NO ERRO:

 (I Coríntios 6:9-11) – Muitos reputam que um novo convertido, recasado, não pode voltar atrás por várias razões e circunstâncias, logo ele permanece como está, justificando-se principalmente no vs.11, ignorando que ele ainda permanece no erro do adultério, pois, o simples fato de estar engajado numa “igreja” (permissiva), não significa que tenha encontrado legalidade na Palavra de Deus, para a condição em que vive.

(I Coríntios 7:10-15) – vs.15 “não fica sujeito à servidão”. Apartar-se (Gr. Χωριστές), significava que, se a diferença de credo culminasse na separação, ambos não ficavam “SUJEITOS À SERVIDÃO”, (Gr. Φύλο) – não tinham obrigações maritais (sexo), contudo, isso não significa que o crente deixado, tenha legitimidade para casar-se novamente. Paulo não contrariaria o vs.11; Importante observar que, o Apóstolo faz concessões quanto ao jugo desigual vs.12 e 13, objetivando a conversão de ambos e a solidificação do casal, eliminado a possibilidade de pretextos levianos para a separação. Não nos deixa margens para dúbias interpretações, como muitos se apóiam no denominado “Privilégios Paulinos”. 

(I Coríntios 7:17-20) – “cada um permaneça como foi chamado”. É refutável como cláusula de Exceçãopara os que se convertem num segundo matrimônio, pois, o versículo faz parte dum contexto específico sobre circuncisão e demais questões do povo judeu. Texto fora de Contexto é Pretexto!

COMO TRATAR OS CASOS DE RECASAMENTO?

Se uma pessoa ou um casal em adultério queiram comprometer-se com Cristo, devemos conduzi-las ao seio da Igreja, para que a glória de Cristo seja revelada a eles, a partir daí, confrontá-los com a verdade sobre seu estado pecaminoso, para que o Espírito Santo complete a obra reveladora (Romanos 1:16,17).

Importante observar que, a Mulher Samaritana, foi interpelada por Jesus quanto ao sexto marido, e reconheceu de imediato seu estado de pecado (João 4:18), contudo, Jesus ordenou que fosse e anunciasse as boas novas aos seus, deixando que, o Espírito Santo completasse a obra naquela mulher.

Muitas vezes, pessoas em condições de adultério (segundo casamento), mesmo sendo amadas pela Igreja, ao ser confrontadas com a Palavra da Verdade, poderão não aceitar a reversão, preferindo continuar no erro. Importante que amemos e confrontemos com a Verdade, para não sermos achados complacentes com o pecado deles.

E QUANDO A PARTE “INFRATORA” SE ARREPENDE E, AO ACEITAR O BATISMO, ENCONTRA SUA ESPOSA CASADA COM OUTRO?

Mateus 19:11,12
11  Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.
12  Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.

Ø  Jesus quis dizer que: “fazer-se eunuco”, implica em deixar alguma relação sexual ilícita existente.

Ø  Nunca desvie das pessoas em adultério e, não subestime o poder de Deus e de sua Palavra. Resista ao espírito de incredulidade e confie no Senhor.

João 12:46-50
46  Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
47  E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
48  Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.
49  Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.
50  E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.
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